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O que será da Chanel sem Karl Lagerfeld? Grandes nomes da moda dizem pra você!

7 minutos de leitura
  • *Colaborou Vinícius Lasserre
FLORENCE, ITALY - APRIL 22:  (EDITORS NOTE: Image has been converted to black and white)  Karl Lagerfeld attends the Conde' Nast International Luxury Conference at Palazzo Vecchio on April 22, 2015 in Florence, Italy.   (Photo by Vittorio Zunino Celotto/Getty Images for Conde' Nast International Luxury Conference) Getty Images

Passada a notícia inicial da morte de Karl Lagerfeld, ícone da moda do século 20 e 21 (clique AQUI pra ver  as curiosidades sobre o kaiser), a pergunta que não quer calar é: e agora, como fica a Chanel sem a presença diária de Karl? Lembrando que ele era diretor criativo não somente da Chanel, mas da Fendi e de sua marca homônima, Karl Lagerfeld. No mesmo dia da morte do estilista alemão, a Chanel anunciou que quem assume a direção criativa da marca é Virginie Viard, então diretora de núcleo da Chanel e braço direito de Karl desde 1987. Será que foi um pedido dele?

Quem responde a todos esses questionamentos e fala sobre o legado do estilista são quatro mulheres, grandes nomes da moda brasileira. Confira:

Costanza Pascolato, papisa da moda brasileira

Karl Lagerfeld conseguiu manter viva a mística da Chanel − a marca mais reconhecida no mundo, atualmente. Seus símbolos são clássicos que perduram: o tweed, o casaqueto, a camélia, as bolsas de matelassê… Isso é marketing bem feito por mais de 35 anos. É evidente que, hoje, todo o sistema da moda está mudando: o que importa é fazer network. E isso ele também sabia fazer como ninguém. Não sei se a Virginie Viard  tem essa habilidade. Porque uma coisa é criar moda. Outra é fazer network em torno de uma marca.. E grifes como a Chanel são muito mais business do que moda, hoje em dia. Em termos de moda, não acredito que vão mudar muito. Chanel está estabelecida. As pessoas que compram Chanel estão atrás de perpetuar a mítica. Muito diferente de quem busca Dior, por exemplo, que quer sempre a novidade.

Acho que Karl tinha o fôlego de 12 dragões: aos 85 anos de idade, 64 de carreira, ele lançava anualmente oito coleções! E sempre com suas ideias inovadoras, provocantes, críticas, pop…. Fora que ele, ainda hoje, conseguia transformar a própria imagem em símbolo (que rendia dinheiro em sua marca homônima), além de equilibrar muito bem a direção criativa de duas grandes marcas de luxo, a Chanel e a Fendi. Ele tinha uma habilidade extraordinária e um conhecimento profundo de todo o sistema. Também sabia trabalhar em equipe e valorizar os seus. Não à toa todos os que trabalhavam com ele eram só elogios, e suas equipes são as mesmas há décadas. Sinal de bom caratismo e profundo respeito pelo trabalho do outro. Além de esperteza, já que ele precisava das equipes pra dar conta de tantas funções. Eu, que vou completar 80 anos em 2019, posso dizer que está chegando ao fim uma geração na moda, que levava esse negócio com responsabilidade absoluta!

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“Uma coisa é criar moda, outra é fazer network em torno da marca. Isso, Karl também sabia fazer bem. Não sei se Virginie Viard tem essa habilidade, tão importante hoje”

Daniela Falcão,  CEO da editora Globo Condé Nast

“Para a Chanel, sua maior contribuição foi ter adaptado continuamente os códigos da Maison conforme o mundo ia mudando, além de ter conseguido se manter por tanto tempo na marca, num mercado marcado por passagens efêmeras. Para a moda, mais que um grande costureiro, era um brilhante image maker. Os desfiles monumentais, a fusão de alta moda e cultura pop, tudo isso veio da cabeça de Lagerfeld. A opção por ter Virginie Viard, que era chefe de estúdio de Lagerfeld, como nova diretora criativa mostra que a marca está confortável com sua atuação, posição e vendas. É um sinal de não ruptura.”

“Ter Virginie Viard mostra que a marca está confortável com sua atuação, posição e vendas. É um sinal de não ruptura”

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Glória Kalil, jornalista e consultora de moda

“Acho que o maior legado do Karl Lagerfeld para a moda e, especialmente, para a Chanel é a cultura da empresa. Era uma pessoa que tinha um profundo respeito pela cultura da empresa, porque era um homem da cultura. Quem o conheceu bem, sabia que era um homem extremamente culto. Ele conhecia história, arte, literatura… Era um homem clássico, de cultura clássica. E como tal, era uma pessoa que respeitou a cultura da Chanel, da moda dela, do que ela pretendia, do espírito da roupa. E isso vai embora com ele. Dificilmente, esse homem será substituído. Ele, realmente, é insubstituível e a marca está diante de um dilema. Vamos ver como ela vai resolver.”

“O maior legado do Karl foi respeitar a cultura da empresa. Ele, realmente, é insubstituível e a marca está diante de um dilema.”

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Lilian Pacce,  jornalista e consultora de moda

“Karl é uma das pessoas mais autênticas e generosas que conheci no mundo da moda. Um gênio, jovem, incansável, uma perda enorme. Um dos poucos a ter personalidade própria independente das marcas para as quais trabalhava, independente do que o marketing achava apropriado ou não. Karl era sempre Karl. Agora, o que será da Chanel? Ele mesmo dizia que nunca olhava pra trás, só se interessava pelo amanhã, pelo futuro. Ele não reinventava a Chanel, ele apenas queria trazer seu legado para o mundo contemporâneo. Virginie era seu bração direito por décadas – assim como a maioria de sua equipe, todos muito próximos, por muitos e muitos anos. Ela domina os códigos Chanel e tem todo domínio do processo. Mas se tem carisma… Isso já não sei.”

“Virginie Viard domina os códigos Chanel e tem domínio do processo. Mas se tem carisma, já não sei “

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Adriana Bechara,  jornalista de moda

“Num mundo onde as coisas estão cada vez mais acereladas e rapidamente substituíveis (inclusive a fama, o sucesso…), a lição do Lagerfeld não é só a genialidade. Muitos têm a genialidade, mas não têm outras qualidades. Ele não só se reinventou o tempo todo, como fez isso com constância, perseverança, resiliência, compromisso, senso de humor, senso de timing…. E por 64 anos! É incrível! O cara trabalhou até morrer. E, com isso, foi se lapidando, evoluindo… Não é à toa que se tornou um dos nomes mais importantes da moda dos séculos 20 e 21. Era um bastião, uma referência viva. Acho que agora vai continuar com a mesma presença de quem estava vivo. É uma perda enorme para o mundo da moda, e é uma lição de vida para as gerações futuras.”

“Karl não só teve a genialidade, mas perseverança, disciplina, paixão, compromisso, resiliência… E vai continuar muito presente.”

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E você, pra que lado acha que Chanel vai seguir? Como você via a atuação do kaiser em todas as suas funções? Conta pra gente?

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