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Luísa sem máscara

13 minutos de leitura

Eleita uma das personalidades mais poderosas do país abaixo dos 30 anos (ela tem 21!) e com a carreira em constante ascensão, a cantora Luísa Sonza dá mais um passo em meio à folia: desfilar na Sapucaí pela Grande Rio e em seu primeiro bloco de Carnaval, o Sonzeira

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Para Luísa Sonza, a astrologia é um ótimo jeito de começar uma conversa. “Melhor do que falar sobre o tempo”, me contou logo depois de dizer que é canceriana com ascendente em áries e lua em touro. Para quem não é do time dos astros, podemos dizer que a jovem é intensa, tem personalidade forte e também um pé no chão que engana sua idade, 21 anos. Mas isso tudo também é fruto de sua experiência de vida. Luísa é do interior do Rio Grande do Sul, começou a trabalhar aos 7 anos em uma banda que tocava em festas e casamentos e viu no Youtube um jeito acessível – mas nada fácil! – de acontecer na música. Seu canal, que começou com vídeos de covers de artistas famosos, hoje contabiliza mais 4 milhões de inscritos. Só no Insta, ela tem 16 milhões de seguidores. E foi eleita no mês passado uma das pessoas mais poderosas do país com menos de 30 anos pela Forbes. Nossa capa de fevereiro conta a seguir as dores e delícias de ser Luísa Sonza, autêntica e sem máscara.

WhatsApp Image 2020-02-17 at 19.30.50 Camiseta Love 1985, R$ 98 GAROTAS ESTÚPIDAS: Você começou a trabalhar com 7 anos e hoje, aos 21, já conquistou muita coisa. Como enxerga a sua trajetória?
Luísa Sonza: É muito louco ver que meu sonho se realizou. Eu sou de Tuparendi, uma cidade de 6 mil habitantes no interior do Rio Grande do Sul, cantei em uma banda de casamento durante 10 anos e passei por vários “perrengues”. Não foi uma infância normal. Tive que lidar muitas responsabilidades muito cedo, abrir mão de muita coisa. Coisas meio básicas na infância e adolescência, tipo dormir na casa da amiga, porque eu trabalhava muito de final de semana. Cheguei a fazer 20 shows em um mês! Mas escolheria isso mil vezes, em todas as vidas. Isso me fez crescer demais. Acho que só consigo lidar com tudo hoje por ter tido um caminho diferente. GE: Você costuma falar que as mulheres gaúchas nascem com a “faca na bota”. Quem são as mulheres que te inspiram?
Luísa Sonza: Vim de uma família de mulheres muito fortes. Tudo o que vi, de bom e ruim, peguei para mim como exemplo. Sou muito observadora e aprendo com o erro dos outros Minha avó, minha mãe e minhas tias sempre foram mulheres de muita personalidade e força. Tiveram uma história difícil em relação a tudo. Minha avó é uma mulher que precisou cuidar sozinha de três filhas quando o meu avô foi assassinado. Fiz uma música para a minha mãe [“Eliane”, lançada em 2019] e coloquei ela, minha avó e minha irmã no clipe. Elas me inspiram muito. A Luísa artista tem muito da minha mãe. Ela é professora de dança e educação física e sempre me incentivou a dançar, fazer esporte, ser desinibida, não me importar com os outros. Ela tinha uma coisa que entrou na minha cabeça que é “não dependa de homem”. GE: Você foi eleita uma das pessoas mais poderosas do país abaixo dos 30 pela Forbes. Como recebeu a notícia? 
Luísa Sonza: Foi como ganhar um troféu. Eu vejo muito como a prova do quanto vale a pena trabalhar e correr atrás dos sonhos. E fiz questão de expor bastante para mostrar para as mulheres o que a gente pode fazer. A sociedade tem dificuldade de ver mulheres no topo. Esse é meu maior sonho. Eu quero que as mulheres sejam a maioria. Que as minorias sejam a maioria. Falo de mulher porque é meu lugar de fala, mas acho que as minorias têm que parar de ser minorias, porque nós somos a maioria. Foi um momento importante pra mim e serviu para mostrar que a gente consegue ser uma mulher de negócios, rebolar a bunda, se divertir, cuidar da pele, da mente, ter o próprio dinheiro e manter a independência financeira e emocional. GE: Acho que nem preciso perguntar se você é feminista. Como vê o movimento hoje e qual é importância de falarmos cada vez mais sobre os padrões de beleza e autoestima?
Luísa Sonza
: Acho que só não é feminista quem não sabe o que é feminismo. E se uma pessoa não é feminista, ela é uma vítima da sociedade. E não podemos ficar com raiva. Nesse contexto, é muito importante falarmos de autoestima. Ser julgada pelo corpo não é algo que deveria acontecer. É muito sério que em 2020 a gente ainda veja pessoas falando sobre os corpos das outras. Precisamos discutir isso hoje para que um dia a diversidade de corpos seja apenas um fato, sem mais questões. GE: Como é a sua relação com o seu corpo?
Luísa Sonza: Eu sempre fui muito segura do meu corpo, sempre tive uma autoestima elevada. Quando começava a ter uns pensamentos que não eram legais, me policiava. Isso é tão banal perto do que a gente pode ser… Temos tantas coisas para mostrar, que não vale a pena ficar infeliz com o nosso corpo e o peso o tempo todo. Eu vivo mais preocupada com a minha mente, com o que eu vou passar para as pessoas. O ser humano vai além do corpo. E o nosso corpo é a nossa casa. Temos que pensar nele com amor. Já tive vergonha do meu corpo, sim, mas me esforço para barrar essas ideias. É claro que é mais fácil chegar nesse lugar porque sou padrão. Tenho consciência de todos os meus privilégios. Mas não quero ser famosa pela aparência, e sim pela minha música, pelas coisas que eu falo. Já coloquei preenchimento nos lábios porque achei que ficaria legal. Porém já me sentia bem sem preenchimento. E não sou mais bonita que ninguém. Não me sinto mais bonita do que alguém que está fora do padrão. Quero que todo mundo se ache bonita. E quero ser uma mulher com voz pra falar e ajudar outras mulheres. WhatsApp Image 2020-02-17 at 19.36.21 Camiseta Minha Avó Tinha, preço sob consulta GE: Você é uma pessoa que cresceu nos palcos e há alguns anos nas redes sociais. Quais situações foram mais complicadas de enfrentar? 
Luísa Sonza: Eu lido bem. Me adapto fácil às coisas. E penso que é assim, então não preciso ficar me questionando. A realidade é essa e prefiro lidar com a realidade. O que já foi muito difícil pra mim foi a imprensa, quando as pessoas mudam minhas palavras de uma forma que possam atingir outras pessoas. Me machuca. Eu não ligo se alguém inventar algo sobre mim, se eu fiz alguma cirurgia e tal. Mas quando dizem que eu falei algo que não falei ou quando não foi essa a minha intenção, me incomoda demais. Ainda estou aprendendo a lidar. Dificilmente uma entrevista sai da forma como falei. GE: As celebridades de antes tinham um contato diferente com os fãs: cartas, imprensa… Você tem um canal direto com os seus. Como é isso pra você? 
Luísa Sonza: Hoje, com as redes sociais, meu contato com os fãs é constante. Também converso sempre com os meus fãs clubes… Nos shows, temos um contato sempre próximo. Amo estar com eles e receber todo apoio e carinho! Cada mensagem e cada abraço me enchem de energia para continuar. GE: Recentemente rolou na internet que o seu casamento com o Whindersson Nunes estava “por um fio” e vocês até ironizaram o caso. Como foi isso?
Luísa Sonza: Essa notícia é tão impossível de acontecer… Tiramos muito sarro. É uma história que não atinge outras pessoas. E nós temos muita segurança no nosso casamento, que é incrível. Nem ligamos. Ainda fiquei pensando que a gente dá muita audiência, porque estão inventando coisas desse tipo faz tempo. E eu acho a especulação sempre engraçada: “Ela postou uma foto e ele não curtiu”. Um casamento de 4 anos e estão especulando que uma foto vai significar algo. Nesse caso específico a mídia não me afetou. GE: Você sempre se mostra muito consciente na sua relação com o Whindersson. Costuma pensar sobre ter se casado muito nova? 
Luísa Sonza: Sou muito questionada sobre isso. Acho que sou um nova que não é nova. Tenho minha independência. Casei independente, tendo emprego, dinheiro, uma vida. Comecei a trabalhar com 7. Sou muito precoce. Casei cedo porque comecei a viver muito mais cedo. Além disso, não temos um casamento “tradicional”, a gente continua tendo nossa vida, nossa independência. Pra mim, esse tipo de casamento é o ideal. Eu encontrei o Whindersson e ele é o amor da minha vida. E se alguém quiser casar cedo de outras maneiras, tudo bem também. Cópia de 200129_GAROTAS ESTUPIDAS PB 0280-PREVIEW1 GE: O que acha da monogamia? Teria um relacionamento aberto? 
Luísa Sonza: Eu acho que o relacionamento aberto funciona. O meu relacionamento não é aberto, mas acredito que pode dar certo. Essa discussão é muito importante hoje, mas estou bem e feliz assim. GE: Você está comprometida há 4 anos. É a amiga conselheira? Como é ouvir as amigas contando sobre os aplicativos de paquera? 
Luísa Sonza: Sou! Eu adoro ser a conselheira. Gosto de ouvir, de aprender como funciona a cabeça e o relacionamento de outras pessoas. Adoro falar sobre o relacionamento saudável, que é como vejo o meu. Acho que um relacionamento deve ser leve, não deve ter pressão. E acho ótimo que as mulheres estão finalmente fazendo o que querem fazer. Que continue assim. Que elas sejam cada vez mais donas das próprias vidas, das suas escolhas. GE: O tema da nossa edição é Carnaval. Qual é a sua relação com a folia? 
Luísa Sonza: O Carnaval esse ano vai ser realmente muito especial. É a primeira vez que desfilo na Sapucaí, pela Grande Rio, uma escola de samba que me abraçou. O Carnaval muda a vida das pessoas, desde as que estão ali acreditando e trabalhando na sua escola às que estão pulando na rua. É uma festa acessível, em que os artistas podem cantar pra todo mundo. E todo mundo é igual. Esse ano também lancei meu bloco, com o meu trio, o Sonzeira, que foi para a rua no dia 16. Carnaval é um momento de muito amor, alegria, liberdade, de lutar por causas, com as escolas de samba e seus temas. É uma grande manifestação humana. Hora de transbordar. Conexão pura. GE: E no Carnaval você coloca ou tira a máscara? 
Luísa Sonza: Eu sempre sou a mesma Luísa. O tempo todo. Não tenho momentos em que eu coloque ou precise tirar uma máscara. A não ser quando estou atuando, que aí abro mão da Luísa para encarar um personagem. WhatsApp Image 2020-02-17 at 19.34.32 Camisa Polo Lacoste, R$ 449; biquíni Água de Sal, R$ 189; chapéu Marsela, R$ 90; braceletes acervo; meias acervo; sandálias Birkenstock, R$ 449,90 GE: Quem é a Luísa Sonza quando ninguém está olhando?
Luísa Sonza: Uma Luísa mais vulnerável. A única coisa que faço sozinha é ser mais menina, mais criança. No meu trabalho preciso ser adulta, centrada, correta. E sou uma menina de 21 anos, um neném. Quero ter cada vez menos medo de ser vulnerável. Quando você finge que é forte o tempo todo mostra mais fraqueza do que quando realmente mostra a sua fraqueza. E a verdade é que sou muito sensível, sinto todas as emoções. Sou canceriana. GE: Você já falou no Twitter sobre estar com depressão. Como lidou com isso? Acha importante usar seu poder de influência para falar do assunto? E quais são os cuidados que você exerce em relação a esse poder de influência?
Luísa Sonza: É um tema delicado, porém é importante falarmos sobre para encorajar e mostrar que precisamos e podemos buscar ajuda. Tento utilizar minha voz como pessoa pública exatamente para mostrar que a doença é mais comum do que pensamos, e que precisamos cuidar cada vez mais da nossa mente e ficar atentos aos nossos amigos e família para ajudá-los sempre. GE: Você fica muito no celular? Isso afeta a sua saúde mental? 
Luísa Sonza: Adoro ficar sem celular. Eu sou zero redes sociais. Acho até que teria que mostrar mais, falar mais. Não sou muito a pessoa que pega toda hora o celular pra fazer um story. Não sou tão ligada, por mais que eu seja da geração dos nativos digitais. Mas ainda fico muito no celular quando estou trabalhando. Essa parte é a que estou tentando me policiar. Às vezes, dá 2h da manhã e eu estou conversando com a minha equipe. Faço muita terapia e aprendi a nunca levar como verdade as mentiras que falam sobre mim na internet. Tento não ligar para os haters. Mas sou um ser humano também e às vezes fico chateada. Tenho o hábito de conversar muito com as pessoas que estão próximas, acho que o diálogo faz bem. GE: Qual foi o melhor conselho que você já recebeu na vida? 
Luísa Sonza: “Seja independente. Se você quer alguma coisa, busque você”. Foi da minha mãe. Quando eu era pequena e a gente ia a um restaurante, ela não pedia minha comida e dizia que se eu queria comer, deveria escolher e pedir. Quando eu brigava com alguém na escola e ela era chamada, dizia que eu deveria resolver. Eu odiava, ficava muito brava. Hoje agradeço. Edição: Nelize Dezzen e Rafael Nascimento
Fotos: Bruna Castanheira
Styling: Victor Miranda
Beleza: Pedro Moreira
Tratamento de Imagens: Helena Colliny
Assistentes de Foto: Leandro Bugni e Beatriz Garbieri ⁣
Texto
: Isabela Serafim
Diagramação: Amanda Pinho

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