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Exclusivo: Paulo Borges conta tudo sobre o futuro do SPFW

9 minutos de leitura

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FOTO: Reprodução Luminosidade

A gente brinca muito com o assunto de moda por aqui, fala de tendências, comenta os looks das celebridades, procura tratar o assunto sempre de um jeito leve e divertido. Mas tem também um outro lado super importante da coisa, que é o mercado e negócios, que acaba caindo para um papo mais sério sobre o assunto que vale a pena conhecer também!

E ninguém melhor para falar sobre isso do que Paulo Borges, criador da SPFW lá em 1996 (ainda com o nome de Morumbi Fashion, após ter feito também o Phytoervas Fashion em 1994) e CEO da Luminosidade, plataforma que além da semana de moda de SP toca também Fashion Rio, o portal FFW e a revista FFW>>mag! Fiquei muuuito feliz com essa entrevista exclusiva que ele deu pro GE, revelando em primeira mão planos para os maiores eventos de moda da América Latina.

  • Ele deu informações exclusivas só pra a gente hein (uhul!!) …confiram:

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Paulo com Gisele nesta edição do SPFW; a top noviiinha em desfile no Morumbi Fashion em 1997 e registro do desfile de Jum Nakao no então Phytoervas Fashion

FOTOS: Reprodução/Instagram e Arquivo 

Em tempo:
a SPFW passou por grandes mudanças recentemente. Primeiro foi a época dos desfiles, que antes aconteciam em janeiro e junho e agora rolam em abril e outubro, colados nos desfiles internacionais, e depois a chegada de marcas mais comerciais ao line-up, como Patrícia Motta e Pat Pat’s (já estrearam nesta edição) e Lolitta e Giuliana Romano, que entram na próxima. Foi também anunciada uma parceria com a Vogue para fortalecer o mercado de moda no Brasil, que Paulo explica melhor aqui.
Confiram a entrevista abaixo:

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FOTO: Gustavo Elsas | I Hate Flash

GE: Com essa edição, são 18 anos de SPFW. Agora vem a parceria com a Vogue e a inclusão de marcas mais comerciais no calendário. Por quê?

PB: Na verdade eu acho que a moda no mundo todo já tem uma pegada comercial. Não tem mais essa questão do que é conceitual, isso foi na virada dos anos 90, os japoneses e os belgas trouxeram esse conceito. Acho que isso já acabou. A grande questão do mundo é que as ideias precisam se reverter em processo comercial. A parceria com a Vogue se reflete em um processo de valorizar o mercado, que já é o papel dela no mundo, e é focada na curadoria, no Fashion Fund que vai começar (projeto que a Vogue já faz lá fora também). Com a Elle a gente tem outro projeto, de seminários, com a Harper’s Bazaar começamos a discutir ideias para fazer junto com a semana de moda para movimentar mais o mercado. E por aí vai!

GE: Como a imprensa brasileira participa disso?

PB: Tenho discutido muito essa questão, a imprensa brasileira é muito desconectada do processo da moda inteira. É quase como se a imprensa não fosse parte da moda. Então tem que haver um cuidado maior, com a moda, as pessoas, o mercado, a própria imprensa se sentir integrada ao processo, e é isso que a gente tá fazendo acontecer.

GE: Sinto que com internet, o fast fashion, as marcas têm que produzir muito rápido, o timing muda, as pessoas veem no Instagram e já querem comprar. Isso muda de alguma forma o mercado?

PB: Acho que muda a lógica. Sem dúvida a invenção do fast fashion, que começou com a Zara, mudou e atropelou os processos de moda no mundo inteiro. Você tem que ser mais ágil, mais rápido, as informações têm que ser digeridas logo. Mas você não pode trabalhar só dentro do conceito do fast fashion. Fast fashion é um processo, não é um conceito, é uma metodologia. A criação tem que estar embutida no todo para que o dna das marcas prevaleça. A grande dificuldade que todos passam hoje é as pessoas entenderem como manter seu dna, a inovação, sendo veloz e vendendo.paulo-borges-frase1
GE: E qual o papel da semana de moda nisso?
PB: A semana de moda sempre vai ser o grande combustível de difusão da informação. Algumas pessoas falam que o momento das semanas de moda está se esgotando, eu não acredito nisso. Acho que elas estão assimilando todas as novas práticas, ferramentas e instrumentos que existem. Não é arrogante o que eu vou dizer, mas eu acho que as semanas de moda vão ficar cada vez mais parecidas com a SPFW. Porque a gente nasceu aberto, com a internet, sempre transmitiu desfiles ao vivo pela internet, a gente é acessível. Lá fora é fechado, Nova York começou a transmitir os desfiles há dois anos, Paris ainda é muito fechado, a própria sala de imprensa é muito menor.

MODA E BLOGS

GE: Este ano senti uma grande aproximação do evento com os blogs, diferente das outras edições. Por quê?

PB: Estes anos anteriores nós pensamos: vamos deixar acontecer pra ver como é, o que é, porque senão você adultera um processo legítimo, engessa o real. A gente quer ter mais estrutura, no sentido de poder acompanhar mais de perto as demandas e dar mais subsídio pra que essa cobertura dos blogs tenha mais sentido. Se você acompanha mais de perto, tem mais base pra falar. A primeira coisa é essa, porque o mais bacana são os olhares diferentes. Eu falo há anos que não existem tendências, uma única opinião, existe troca. No SPFW a gente não provocou, mas sempre estruturou e deixou as coisas acontecerem. Agora a gente tá provocando coisas, porque a gente tem que mudar mais coisas.

GE: Como vc acha que deveria ser uma cobertura de blog de moda?

PB: Não sei se eu sei. Minha percepção é de que cada blog enquanto veículo tem um público, e o tem porque fala de uma certa forma. Eu acho que essa forma não pode se perder. Mas se pudesse dizer algo para todos os blogueiros seria para não perder a individualidade.

PRÓXIMOS PLANOS
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GE: Quais mudanças vêm por aí para as semanas de moda no Brasil?

PB: Pro ano que vem, Fashion Rio e SPFW vão mudar um pouco de novo e as pessoas não vão entender. Quero começar a trabalhar de fato moda com arte e design, pensando na economia criativa no geral. A gente já faz isso dentro do SPFW, agora eu quero trabalhar pra fora. Por exemplo, o próximo SPFW é junto com a SP Arte. Então a temática toda vai ser em cima de moda e arte. A outra SPFW do ano vai coincidir com a Mostra Internacional de Cinema, então já estamos conversando com eles também. Para abril, isso ninguém sabe ainda, tô conversando pra fazer coisas com o MASP (Museu de Arte de São Paulo), com outros museus, isso é moda. E para o Rio pensamos nisso também.

GE: O que você acha quando as pessoas dizem que a semana de moda no Brasil deveria se concentrar em São Paulo?

PB: Eu não concordo, mas ao mesmo tempo concordo quando as pessoas falam que não tem que ter duas semanas de inverno no Brasil, porque a gente tem pouco inverno. Super concordo, a gente tá trabalhando pra isso. O Rio tem que ter o alto verão, que seria uma semana única no mundo, e nosso resort, convidando inclusive marcas internacionais pra se apresentarem lá também. Seria então SPFW e Fashion Rio de verão, alto verão só no Fashion Rio e inverno em São Paulo.

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Algumas das marcas que Paulo Borges gostaria de trazer para o SPFW | FOTOS: Divulgação

GE: Estão chegando várias marcas novas pro SPFW. Quem mais você gostaria de trazer?

PB: Quem ainda tá estudando a sua estrutura é a John John com a BoBô, que eu acho que tem tudo a ver. A gente quer muito que as marcas de acessórios que estão muito fortes no Brasil façam essa transição para um projeto de moda completo. Tô falando aí de Schutz, Carmen Steffens, Victor Hugo, que já está fazendo roupa antes de todo mundo. A Louis Vuitton fez isso, a Hermés, a Gucci também. Elas se transformaram no que são quando trouxeram a roupa pro negócio. O que eles mais vendem é o acessório, mas com a roupa a imagem de moda se constrói inteira. Essas empresas são poderosas no sentido de estrutura ao entrarem nesse ciclo elas vão construir repertório de moda pro próprio negócio delas e para a moda no Brasil.

Sei que o post ficou grandinho, mas era tanta coisa importante de se falar que achei que vale a pena postar!

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