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Análises sobre a importância de Malcolm X por Rafael Silvério

4 minutos de leitura

Texto por Rafael Silvério 

Ontem eu vi o lindíssimo filme da Amazon Prime Video, chamado “Uma Noite em Miami,  que marca a estreia de Regina King na direção e que foi baseado na peça teatral homônima escrita por Kemp Powers (autor também do roteiro da adaptação cinematográfica). O longa registra um encontro de grandes nomes na cultura negra: o cantor Sam Cooke, o boxeador Muhammad Ali, jogador de futebol e ator Jim Brown e o líder fundador da Organização da Unidade Afro – Americana – Al Hajj Malik Al-Shabazz e é esse o nosso protagonista hoje.

Eu nunca entendi a obra de Malcolm X e sua força motriz, pois fora uma figura estereotipa por uma branquitude que achou maneiras de desligitimar suas falas o categorizando como extremista afim que nossos irmãos nunca acessassem a reflexão que ele tanto divulgava, subjugando-o como “negro raivoso”

Raivosa mesmo foi a maneira que X morreu. Ele foi brutalmente assassinato com 14 tiros, diante de uma plateia do, de três de suas quatro filhas e de esposa, em 21 de fevereiro de 1965. Os veículos de imprensa branca até hoje deslegitimam suas ideias, popularizando discursos mais brandos que ignoram a indignação dos oprimidos. Eu, como um negro que sofreu anos de silenciamento, consigo me reconhecer nessas falas cheias de verdades duras que inflam a reação dos negros a reagirem de forma afirmativa contra branquitude opressora como forma de auto defesa.

 Seus discursos sempre foram incisivos, incômodos, nítidos como água que filtra todas matérias escusas e até hoje reverberam de maneira a ampliar o campo de visão para nossa história e a violência que assistimos em silêncio sem nunca nos rebelamos contra quem se beneficia com a estrutura. Essa emancipação do pensamento só acontece com os livros, assim como o letramento salvou a sua mente, trazendo foco e potência para o jovem “Little” que mais tarde iria se converter a Nação Islã, após uma passagem de 10 anos na cadeia por causa de pequenos delitos e anti-religiosas em Boston.

Sendo atuante dentro do Islã, e ministrando discursos contra hegemonia branca catapultou suas popularidade e fez dos seus  ideais chamariz de  atenção negativa dos brancos supremacistas da sociedade americana da época,  que o viram como inimigo número um, pois o conhecimento é o  “Calcanhar de Aquiles” para o enfraquecimento da aparelhagem racista.

Malcolm é até hoje necessário, sobretudo no que diz respeito sobre a autoestima da população negra, que é lesada por uma sistemática impositiva. Ao revisitar suas falas nos últimos dias, me peguei em prantos, e ao mesmo tempo fui estimulado a exponenciar minha potência máxima e não me submeter as mazelas que antes me pareciam grilhões inquebráveis para mim.

Qualquer pessoa negra que se imponha com um discurso é mais assertivo, é visto como uma ameaça para branquitude que aciona sua fragilidade branca que os protege na finalidade protecionista para com seus privilégios, a fim de  isolar e  silenciar o despertar de seus iguais. Essa foi a forma que os homens brancos fundaram o capitalismo, em cima do sangue e suor do meus antepassados e dos meus irmãos contemporâneos, o conhecimento maior desse mecanismo permite que nós negros tracemos estratégias de sobrevivência na experiência danosa com o Racismo. Todas as vezes que brecarmos esse sistema , ele encontra outra forma de manifestação. Então é preciso fazer esse exercício de forma incansável, e é dever de todos para que não caiamos em uma “Color Blindess” ou, em tradução livre, neutralidade racial, que faz com que muitos usem seu privilégio para uma não posição. Essa linha que X nos desenha deixa nítido que todos os que não se opõem contra o racismo estão a favor do ambiente, e quando o ambiente é racista, a omissão é alimento para o fortalecimento desse espaço despótico.

Hoje ao refletir sobre 56º aniversário de Morte do Malcolm, só posso lamentar que ainda vivamos em situações tão ou mais difíceis de quando ele nos deixou, vislumbrar quanta dor ainda temos que tolerar em prol do mínimo de dignidade e resgate da nossa honra como raça, como clã. Em “ Dont Hurt Youself “ feat com Jack White  do Álbum Lemonade de Beyoncé ,lançado em 2016, podemos ouvir uma citação no qual ela canta  “Bad motherfucker, God complex/ Motivate your ass, call me Malcolm X “ em cima de um sample de “When the Levee Breaks” do Led Zeppeling de 1971.

Seria um recado de uma mulher “furiosa” traída como indagou os de  imprensas brancos? Ou uma grande e incisiva mensagem consistente e insolente para os arquitetos dessa índole?

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