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Profissão: Comprador de moda!

8 minutos de leitura

Imagine um trabalho onde se viaja visitando as melhores marcas do Brasil e do mundo, em busca de achados e tendências. Agora adicione o detalhe em que ,nesses showrooms, é voce quem vai fazer todas as compras e escolher as peças que irão rechear as araras e prateleiras da multimarca que está representando. Delícia de emprego né? Tão fácil quanto ganhar um vale-compras e escolher o que quiser sem maiores preocupações? Calma fia, não é bem assim! hehehe

Ser buyer (ou compradora!) de uma loja ,seja ela de luxo ou mais simples, requer muito, mas muito estudo e pesquisa. Traçar o perfil do consumidor final, analisar as vendas anteriores, definir em que tendencias investir pra só então sair as compras! Todo esse processo demora mais do que parece e exige muita responsabilidade. Afinal, imagina se você gasta a verba de maneira errada e um monte de peças ficam encalhadas no final da temporada? Uy! 

 Pra tirar algumas dúvidas de quem se interessa por essa profissão, chamei Juliana Santos da Dona Santa (PE) e Carol Buffara da Nag Nag (RJ) pra conversar sobre o assunto. As duas são proprietárias de suas multimarcas, mas também fazem o papel de compradoras a cada estação. Vamos lá?

  • 1) Você vive o universo da Dona Santa desde que a loja abriu e funcionava sob o comando da sua mãe. Como começou a se interessar pelo lado da seleção de marcas e escolha das peças? JULIANA: A medida que sentia falta de modelitos para eu usar. A Dona Santa inaugurou em 1995 e em 1998 foi que comecei a me interessar pelo assunto.Circulava muito em semanas de moda e viagens, aí fui pegando o feeling para ter o equilíbrio exato nas compras Pois as vezes tenho que comprar peças que eu não usaria, mas tem o perfil que a clientela ama.
  • 2) Quais são as principais características que um bom buyer deve ter? JULIANA: Olho clínico, sensibilidade, cautela e muita informação do mercado, do que está realmente acontecendo no momento. Nós amamos moda, mas não podemos nos deixar levar pela emoção, racionalidade na hora da compra é muito importante!!! CAROL: Estar sempre antenada no que está fazendo sucesso lá fora, ter esse olho bom para saber distinguir o que de fato seu público vai aceitar usar e o que não vai pegar por aqui.
  • 3) O que o buyer faz depois que o pedido já foi feito e as mercadorias já estão na loja? Existe algum tipo de monitoramento das vendas pra as próximas compras? CAROL: Costumo fazer as compras da loja junto com a minha sócia, Tatiana Bonaparte. Fazemos questão de escolhermos nós mesmas o que queremos que seja vendido na loja. A entrega dos pedidos dura quase uma coleção toda. Vou começar a receber Cris Barros agora no final de julho, e o término das entregas é em Novembro, estamos sempre recebendo mercadorias na loja. Quando vamos as compras, temos um budget já estipulado para gastar com a coleção toda. Dividido em um valor x para cada marca. Esse budget total é baseado nas vendas de coleções passadas e acrescentrado a um percentual x de crescimento da loja.
  • 4) Já fez algum curso de buyer ou aprendeu na prática? JULIANA: Aprendi na prática mesmo! Ainda acredito que ,independente do curso, esta é a melhor forma de se aprender. Pra ser um bom comprador, é preciso ,além de muita informação,viver o dia a dia da loja, dos clientes e do estoque.
  • 5) Como definir o estilo do público alvo da loja? Rola alguma pesquisa sobre o estilo dos clientes? CAROL: Acho que o que se encontra nas araras da Nag Nag reflete a personalidade da nossa cliente. Antenada, vaidosa, chic, sexy sem ser vulgar e moderna. Como nosso público alvo vai de 15 à 60 anos de idade, temos que fazer um mix que tenha o perfil dessa mulher, independente da sua idade. JULIANA: A pesquisa é feita dentro da loja, no dia a dia com os clientes e em reuniões para discutir a coleção com vendedores e gerentes.
  • 6) O que se encontra nas araras de uma multimarca reflete a personalidade da buyer? Ou é importante tentar deixar o gosto pessoal um pouco de lado na hora das compras? JULIANA: Eu tento deixar o gosto pessoal um pouco de lado, ser mais imparcial sabe? Afinal, não estou comprando apenas para me vestir, e sim para uma multimarcas com diversos perfis de clientes. Mas é claro que tenho um prazer muito maior quando estou comprando um produto que amo, que me identifico e que sei que vou querer ter no meu armário!

  • 7) Alguma vez já fez algum pedido que não deu certo com o perfil da loja e acabou sem vender tão bem? Como lidou com isso? CAROL: Sim, a cada coleção fazemos testes com marcas novas. Se elas vendem bem, mantemos a parceria. No caso das que não dão certo, não compramos na próxima coleção! Podemos até voltar a trabalhar com elas, mas damos sempre um “tempo”. JULIANA: Já aconteceu sim! No caso não foi em relação a escolha, foi a qualidade com que marca entregou o produto, que estava com uma modelagem muito ruim, diferente do que estava no showroom. Infelizmente teve que ir tudo para a promoção…
  • 8 ) Já se surpreendeu com alguma peça que voce não apostou muito e acabou vendendo horrores? JULIANA: Muito! Quando isso acontece pedimos socorro e tentamos repor o estoque assim que possível. Rola muito quando é alguma peça que eu mesma uso muito, aí vende mais rápido mesmo! Ou quando o modelo sai em algum catálogo, editorial ou aparece alguma celebridade vestindo…
  • 9) Sempre te vejo circulando nas semanas de moda, como é o seu olhar pra assistir ao desfile? JULIANA: Eu vou com o meu olhar de amante de moda, porque normalmente os desfiles não são comerciais. Então neles gosto mesmo é de me emocionar. Para os showroons é que já faço o oposto, deixo a emoção de lado e vou só com o olhar de buyer e um monte de relatórios debaixo do braço! haha
  • 10) Como é o relacionamento entre os compradores e os estilistas? Existe um feedback sobre o resultado comercial da coleção? CAROL: No nosso caso é o melhor possível, acabamos ficando “amigas” da maioria! Sempre na hora da compra, temos uma reuniãozinha com o estilista para um balanço da coleção passada e também estamos sempre em contato durante a coleção.
  • 11) Como reagir quando uma marca fixa da multimarca lança uma coleção “fraca” pro público alvo da loja?
    CAROL: Simplesmente não compramos! Aí explicamos para a marca que essa coleção não vai funcionar pra gente. Não colocamos nada que achamos “fraco” para a loja ,muito pelo contrário, estamos sempre comprando peças e marcas novas para fortalecer a Nag Nag!
  • 12) Vamos dizer que 3 lojas vendam a mesma marca (ex. Cris Barros). Qual é a principal diferença entre os pedidos, sendo que cada multimarca fica em um estado diferente (PE, SP e RJ)? JULIANA: O estilo que predomina em cada cidade ,mais urban, beach etc, e também a questão do poder aquisitivo. CAROL: Tem peças que vão vender muito em SP, mas não vão funcionar no Rio. Por aqui quase não temos inverno! Nossa cliente pode até comprar um casaco, mas não muitas oportunidades de usar. Já no caso dos biquinis, ela está acostumada a investir bem mais, já que estar linda e chic na praia é uma prioridade carioca! 
  • 13) Qual a principal fonte de pesquisa na hora de se informar sobre o que vai bombar na próxima estação? CAROL: Viagens! Costumo ir no mínimo umas 3 vezes ao ano para os EUA e Europa, geralmente Miami e Paris. Devorar revistas e internet também é essencial, todos os dias passo até 4 horas no computador navegando em sites do mundo inteiro. É um estudo mesmo! Aí na hora de fazer o pedido estou muito mais familiarizada com as tendências, não existe tanta surpresa. O que é bem melhor, pois já me acostumei com aquilo e quase sempre já tenho uma opinião formada.

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